
Eduardo Gouveia, fundador do e-commerce Coroas Para Velório, relata em uma entrevista para o site Valor Econômico a trajetória do site e a relevância que a internet tem nos dias de hoje. Confira a matéria na íntegra:
Consumidor demanda agilidade
Em 2010, quando foi em busca de uma floricultura que entregasse uma coroa fúnebre na cidade onde o velório do avô estava sendo realizado, o empresário Eduardo Gouveia constatou que a internet não era o melhor canal para esse tipo de pedido. Não havia uma única opção disponível. A dificuldade sinalizou uma boa oportunidade de negócio, que operasse exclusivamente no digital, facilitando a vida de quem quisesse fazer a última homenagem a um ente querido, independentemente da cidade onde se encontrava. Assim nasceu a Coroas para Velório, e-commerce de arranjos fúnebres. Com mais de mil floriculturas parceiras em todo o Brasil, capazes de entregar os pedidos em no máximo duas horas, a loja virtual passa por uma das maiores mudanças nesses cinco anos de operação.
"O televendas ainda responde por 50% da demanda, mas temos assistido a um grande crescimento das vendas mobile, que já somam 20% do volume de negócios", afirma Gouveia. "Isso nos levou, no início de 2014, a criar uma versão do site específica para mobile, fácil de navegar, com boa visualização dos produtos, botões claros para o passo a passo das compras e as mesmas formas de pagamento do e-commerce tradicional".
As vendas cresceram, assim como o acesso via dispositivos móveis, não necessariamente smartphone. Com cerca de 20 arranjos disponíveis, a empresa comercializa perto de 3.500 coroas por mês, ao preço médio de R$ 300,00. O faturamento, que em 2014 somou R$ 7 milhões, este ano deve saltar para R$ 9 milhões, azeitado pela abertura de uma nova unidade de negócios, a Laços Corporativos, venda on-line de arranjos para homenagens e decoração, também via mobile.
O caminho da Coroas para Velório é cada vez mais comum por uma demanda do próprio consumidor, que pede agilidade, facilidade e quer ter tudo à mão, independentemente de onde esteja.
E não se exclui desse quadro nem mesmo o segmento imobiliário. "Hoje, 50% da nossa demanda vêm de dispositivo móvel, em 2013, esse volume não passava de 6%", revela Eduardo Schaeffer, CEO do Zap Imóveis. "Isso exigiu que redesenhássemos todo o nosso sistema de busca de banco de dados, já que os aparelhos têm limitação no tamanho de tela, na capacidade de processamento e transmissão de informações."
Segundo relatório da Criteo, empresa de tecnologia especializada em performance de marketing digital, o comércio mobile já representa 34% das transações on-line de todo o mundo. Só no primeiro trimestre deste ano houve um crescimento de 10% no mercado americano. No mesmo período, pela primeira vez, em dois países - Japão e Coreia do Sul - o m-commerce ultrapassou o e-commerce, com pouco mais de 50% das vendas em cada um. No Brasil, a previsão é que até dezembro cerca de 22% das compras on-line sejam feitas por dispositivos móveis.
Na visão dos especialistas do E-bit esse salto ainda não foi maior por conta de uma certa desconfiança do consumidor. A péssima experiência dos usuários ao tentar usar os sites de e-commerce por meio dos smartphones aliada à sensação de insegurança, são segundo as pesquisas, os maiores inibidores das compras via m-commerce.Em relação à segurança, o mobile commerce passa hoje por uma situação semelhante à do e-commerce em seu início. Apesar dos smartphones serem mais seguros que os desktops para transações financeiras, ainda são percebidos pelos usuários como plataformas inseguras.
"Essa insegurança, contudo, tende a acabar rapidamente com a consolidação de experiências bem-sucedidas e de um trabalho sério das empresas em viabilizar a compra mobile com eficiência", afirma Ricardo Gazolla, sócio da SuperCooler, especializada na venda de um dispositivo que gela cerveja em dois minutos com o auxílio de uma porção de gelo. A ideia nasceu quando alguns amigos levaram bebida quente em um churrasco e queriam se apoderar da cerveja gelada alheia.
Projeto desenvolvido, os sócios partiram para o financiamento coletivo, via Catarse. "Nesse período já percebemos que os maiores interessados em colaborar estavam na faixa dos 20 aos 40 anos e que a maioria o fazia via celular e tablet", observa Gazolla. "Nesse período decidimos que seríamos uma empresa mobile first, com site responsivo, capaz de rodar com a mesma facilidade no computador ou no smartphone." A expectativa é fechar este ano com um faturamento de R$ 1 milhão e mais de 50% das vendas feitas via mobile.
Cristian Reed, CEO da Opinion Box, plataforma de pesquisa digital, não acredita que o m-commerce vai assumir a liderança do comércio digital, mas aposta na sua relevância, já que as telas dos celulares estão maiores e as ferramentas para a operação mais eficientes. "Não dá para não investir forte nessa versão, mas é preciso atentar para que a loja virtual, independentemente da plataforma, ofereça uma experiência de compra eficiente para o consumidor", afirma Reed. "Hoje, os smartphones são um caminho curto para as pessoas pesquisarem e interagirem com a marca, antes, durante e depois da compra, estejam elas no mundo virtual ou, até, mesmo dentro da própria loja física."